equipa festas da aldeia do freixial

O que aprendi nas Festas da Aldeia do Freixial

Durante 4 dias fiz um MBA intensivo e não houve necessidade nem de vestir o blazer nem tempo para estudos. O que aconteceu afinal? Estive nas Festas da Aldeia do Freixial. 

Não falámos de indicadores, de melhoria de processos, de inteligência artificial, de como ter melhor rentabilidade e ROI, mas, mesmo assim, afirmo que foi um dos melhores investimentos que fiz em mim como Pessoa. 

Estranho, não é? Trabalho há mais de 18 anos como acelerador de empresas e vendas, e aqui o papel inverteu-se. Não fui eu a acelerar, fui acelerado por uma equipa de mais de 50 Festeiros (Pessoas que dedicam o seu tempo a trabalhar em torno da festa), liderada por uma equipa de diferentes Pessoas que, consoante as decisões a tomar, assumiam a responsabilidade e iniciativa.  

a trabalhar nas festas da aldeia do freixial

Estou habituado ao mundo empresarial onde, quando começo um trabalho de consultoria comercial, os primeiros passos são: 

  • ver o organograma; 
  • saber se está atualizado ao nível das diferentes funções e responsáveis; 
  • perceber se funciona na prática como está no papel.
Segue-se a pergunta: 
  • o que significa ser produtivo aqui nesta empresa? 

Já no MBA das Festas da aldeia do Freixial 2024, foi tudo diferente. Não existia um organograma, as funções de cada um não estavam descritas num papel com as respetivas atribuições e responsabilidades, e também se perguntassem a cada Festeiro qual o seu objetivo e contributo para o resultado, a resposta era diferente de pessoa para pessoa. Ah, e não esquecendo que não existiam comissões e prémios monetários em jogo. 

Eu também estava envolvido nesta equipa de Festeiros, mas não consegui de imediato desligar o modo Crazy Strategic Sales e, não vou esconder, após o primeiro contacto pensei: “Isto tem alguma probabilidade para não ser um Sucesso”. 

Mas aqui está o verdadeiro X destas Festas: existe um propósito muito forte que, dizem os mais antigos, já os seus Avós, nos anos de 1920, organizavam as Festas em Honra de Santa Margarida, com o objetivo de juntar a comunidade num ambiente de festa, convívio e de contribuição para a realização de alguma obra ou intervenção na igreja ou na comunidade. Acima de tudo, é a fé, a tradição de família e o propósito de proporcionar quatro dias de festa a toda a comunidade.  

E neste registo tenho pouca experiência, pois o foco no objetivo numérico não é o mais importante, nem otimizar ao máximo o processo de trabalho de cada função e equipa. Existe, sim, um coração, uma emoção, um propósito espiritual mais forte de tudo o que é material, estamos todos unidos pela fé na Santa Margarida e a tradição de família. 

Assim, o meu top 3 de aprendizagens foi: 

1 – Respeitar todos, mesmo todos. Os que não respondem a mensagens de convocatórias, mas depois aparecem para ajudar no dia da festa; os que são estranhos, mas que vêm ter connosco e dizem “posso ajudar em quê?”; os que não são muito simpáticos a falar, mas trabalham muito mesmo; e também os que criticam, mas que trabalham e fazem acontecer;

2 – Mais importante do que o planeamento minuto a minuto, são as emoções minuto a minuto. Todos os dias sabíamos que o restaurante tinha de abrir para servir as refeições, os grupos de música tinham de atuar no recinto das festas e os bares tinham de estar preparados para saciar a sede e a fome do público. Cada Festeiro está ali para contribuir e aprendi que tenho de respeitar o que significava para ele contribuir, pois podemos ter perspetivas diferentes e não tenho o direito de impor a minha ideia;

3 – Não é preciso dinheiro para motivar pessoas, mas é preciso um propósito forte, alinhado com uma tradição da comunidade e da família. Ali ninguém ganhava dinheiro, mas todos trabalharam. Existiu um núcleo duro de Festeiros que trabalhou ao longo de 10 meses a preparar tudo e nos dias das festas, no mínimo, estiveram em modo trabalho mais de 18 horas. Eu não fui um deles, mas respeito e agradeço a todos eles o que contribuíram. 

O que levo deste MBA é um sentimento de gratidão enorme pelas tradições, pela comunidade e por todas as Pessoas que, de forma direta ou indireta, lá estiveram a trabalhar e/ou a divertirem-se.  

A grande conclusão é que quer seja nas Festas da aldeia do Freixial 2024 ou numa empresa de Sucesso que perdura no tempo, o mais importante é o propósito que une as pessoas em torno de uma causa comum que não são os resultados numéricos, o dinheiro, o lucro, mas sim um sentimento de pertença, de colaboração, de partilha e cedência em torno de algo muito forte que faz bater o coração, brilhar o olho e que deixa um legado para as próximas gerações. 

equipa festas da aldeia do freixial

Let’s gooo manter o modo “Festas Freixial 2024” 

P.S. – Não resisto a partilhar contigo a conversa que tive com outro Festeiro de um lugar vizinho, o Soutocico. Disse-lhe “agora já entendo o que é estar deste lado das festas como Festeiro e não como cliente. Mas tu sabes bem o que é isso, pois vejo-te frequentemente ano após ano a trabalhar nas da tua aldeia.” Ele respondeu-me: “todos haviam de experimentar, pois o ano passado estava a servir no restaurante e um casal que estava com pressa perguntou-me quem é o chefe de sala e eu respondi ‘está lá fora. Suba a escada, entre na igreja e está ao fundo, pregado na Cruz’.”  

Pedro Ruivo

CSS – Sucesso em Vendas Portugal

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